sexta-feira, 23 de julho de 2021

Gatilho ( tortura )

 Tortura silenciosa para que meninas não se tornem mulheres 



Múltiplas são as violências que sofrem as mulheres ao longo de sua vida: violações, mutilação genital, matrimônios precoces, exploração sexual e assassinatos talvez sejam as mais midiáticas, as mais denunciadas.

 Mas não as únicas. Um dos maus-tratos invisíveis é o achatamento dos seios. Segundo a definição das Nações Unidas, é "a prática dolorosa de massagear ou golpear o peito das meninas com objetos quentes para suprimir ou reverter o crescimento destes".

 Em inglês, é conhecida como ‘breast ironing’ (passar o seio a ferro). Em alguns lugares se opta por bandagens compressivas. É praticado principalmente nos Camarões, mas também em outros países africanos. "Naquela época eu estava no colégio. Uma manhã, minha mãe me acordou e pediu que eu fosse ao quarto dela. Disse-me que, agora que meus peitos tinham começado a crescer, havia uma prática para evitar que fossem enormes. Não sabia o que me esperava." Este é o testemunho de Bettina Codjie, de 25 anos, natural de Lomé, a capital do Togo. ⁠

As Nações Unidas qualificam o achatamento de seios como uma das cinco violências contra a mulher menos documentadas no mundo. Diversos relatórios mencionam dados da ONU segundo os quais 3,8 milhões de adolescentes africanas podem ter sofrido a prática, mas não há pesquisas independentes. O objetivo da tortura é que os seios das meninas não despertem a atenção dos homens, adiando ao máximo o início da vida sexual das garotas, os casos de assédio e as gestações indesejadas. Só que a teoria não se sustenta: em Camarões, os últimos dados disponíveis do Fundo Populacional da ONU (UNFPA) revelam que 30% das mulheres ficam grávidas antes dos 18 anos.⁠